ValeryRiverosX

Bem-vindo ao meu pequeno espaço pessoal.💕

O direito à timidez foi perdido aos olhos de Deus quando fomos expulsos do paraíso..

E só nos resta esta noite junto ao suor e à tranquilidade agradável que duram depois do amor e da leve fadiga.

Só resta o desejo de continuar quando a responsabilidade nos chama ou o corpo já não aguenta mais..

Os teus vestígios permanecem diluídos na memória dos dias junto ao eco do nosso choro que ainda ressoa nas paredes do quarto..

A tua roupa e a tua voz permanecem antes e depois da morte., …

Resta esta vida e a que vem depois..

A curta vida da chuva

Tornei-me chuva das nuvens que formam o céu cinzento que surge dos teus porões..

Às vezes sinto-me a ver-me a cair pela janela desintegrando-me em pequenos fragmentos que se esbarram na rua e nas calçadas..

Eu colido abruptamente com os vidros; depois espero a oportunidade de começar a deslizar, a correr pelas fosas, profundidades e telhados.

Diluo-me, esgueiro-me e transformo-me para voltar novamente a aquele lugar que prematuramente me viu nascer um dia e hoje me acolhe tranqüilo no teu seio.

Gota como lágrimas, fonte, riacho, fluxo que não descansa para morrer em outras águas e depois ficar quieto.

Depois viver por um instante até o sol acordar, porque aqui não há pecado, ou é apenas o calor de um novo dia.

Poema 17 Espantapájaros (Oliverio Girondo))

Ela me abraçava nos seus braços e se agarrava ao meu corpo com uma viscosidade violenta de molusco.. Uma secreção pegajosa estava a envolver-me, pouco a pouco, até conseguir ficar imóvel.. De cada um dos poros dela, surgia uma espécie de unha que perfurou a minha epiderme.. Os seios começaram a ferver.. Uma exsudância fosforescente iluminava o pescoço, as ancas, até que o seu sexo, cheio de espinhos e tentáculos, se encrustava no meu, precipitando-me numa série de espasmos irritantes.. Não adiantava que eu cuspiasse nas suas pálpebras, nas cavidades do nariz.. Era inútil gritar-lhe o meu ódio e desprezo.. Até que a última gota de esperma se desprendesse da minha nuca, para perfurar a minha espinha como uma gota de laca derretida, as suas gengivas continuariam a engolir o meu desespero; e antes de me abandonar, deixava-me os seus milhões de unhas enfiadas na carne e não tinha outra escolha senão passar a noite comigo. arrancando-as com pinças, para poder pôr uma gota de iodo em cada uma das minhas feridas... Que festa de ser um adormecido que se aproveita da predileção dos súcubos!