A sexualidade é uma componente essencial da qualidade de vida e darealização pessoal. Contrariamente ao que se pensa, não se extingue com a chegada da meia-idade. No entanto, este período de transição, marcado pela menopausa nas mulheres e pela andropausa nos homens, exige uma fase de adaptação.
Estas alterações hormonais trazem os seus próprios desafios e podem ter um impacto na vida sexual. Nas mulheres, a diminuição do estrogénio pode provocar secura e atrofia vaginal, tornando as relações sexuais desconfortáveis ou mesmo dolorosas. Ao mesmo tempo, a diminuição dos níveis de testosterona nos homens pode afetar a libido e a função erétil.
Se gostaria de saber mais sobre a menopausa e a andropausa, este artigo é para si. Mostrar-lhe-emos como abordar estas mudanças não como uma inevitabilidade, mas como uma oportunidade para redefinir a intimidade e manter uma vida sexual cheia de prazer, independentemente da sua idade.

Os desafios do conforto físico
As alterações hormonais têm um impacto direto na fisiologia da intimidade. Nas mulheres, a queda dos estrogénios provoca atrofia e secura vulvovaginal, provocando irritação e dor. Nos homens, o desafio reside na função erétil.
Conforto e lubrificação: lutar contra a secura vaginal
Hidratantes e lubrificantes: Uma dupla abordagem essencial
A primeira linha de defesa contra o desconforto é a hidratação e a lubrificação. É importante distinguir entre diferentes tipos de produtos essenciais:
Hidratantes vaginais
Não se destinam ao ato imediato, são utilizados regularmente (a cada 2-3 dias) para restaurar a humidade e a elasticidade dos tecidos vaginais a longo prazo. Ajudam igualmente a melhorar o pH vaginal.
Lubrificantes
Aplicados imediatamente antes ou durante o ato sexual, reduzem imediatamente a fricção. Existem diferentes tipos: à base de água, à base de silicone e à base de óleo.
- À base de água: são os mais comuns, fáceis de limpar e compatíveis com os preservativos. No entanto, podem secar rapidamente, exigindo uma nova aplicação.
- À base de silicone: muito duradouros e ideais para a água ou para relações sexuais prolongadas, mas não compatíveis com alguns brinquedos sexuais de silicone.
- À base de óleo: muito suave para as massagens íntimas, mas incompatível com os preservativos de látex, com risco de rutura.
Terapias locais
Tratamentos locais com estrogénios para aliviar os sintomas de atrofia vaginal. Ajudam a prevenir o encolhimento e a secura das paredes vaginais, reduzindo a dor durante as relações sexuais e a irritação.

Otimização da sensibilidade e do conforto através do corpo
Para garantir o conforto, a fase de aquecimento deve ser considerada como uma prioridade. O corpo precisa de mais tempo para ficar naturalmente excitado e produzir lubrificação residual. É importante prolongar as carícias, os beijos e os jogos preliminares sem pressão de desempenho.
Para além disso, a saúde do períneo é essencial. Os exercícios de Kegel são fundamentais, fortalecendo os músculos do pavimento pélvico, melhorando o tónus e, acima de tudo, aumentando o fluxo sanguíneo para a zona genital. A melhoria do fluxo sanguíneo promove a sensibilidade e uma resposta natural à excitação. A reeducação perineal com um profissional pode ser uma excelente abordagem para restaurar a função e o conforto.
Soluções para a disfunção erétil
Para os homens, a pressão do desempenho sexual é muitas vezes o primeiro obstáculo. O medo de falhar pode criar um círculo vicioso que inibe a ereção.
- Abordagens psicológicas: privilegiar a intimidade e o prazer partilhado em vez da rigidez. A adoção de práticas não penetrativas pode aliviar esta pressão.
- Ajudas físicas: dispositivos como anéis de constrição ou bombas para o pénis podem ajudar a manter ou atingir a ereção.
- Opções médicas: os tratamentos farmacológicos (inibidores da PDE5) são muito utilizados e eficazes, mas requerem uma consulta médica (urologista ou médico de clínica geral) para avaliar os riscos e obter uma prescrição adaptada ao seu estado de saúde.
Redefinir o prazer
A meia-idade é uma oportunidade para romper com os cenários pré-estabelecidos e com a obrigação de desempenho. A sexualidade depois dos 50 anos tem menos a ver com a realização física e mais com a qualidade da ligação, do toque amoroso e do prazer partilhado. É altura de alargar a sua compreensão da intimidade.
Descentralizar o ato: Expandir o mapa do prazer
Se a penetração se torna menos confortável ou menos frequente, é preciso descentralizar o ato sexual deste único objetivo. Todo o corpo é uma zona erógena.
- Intimidade corporal total: dedicar tempo a massagens e carícias sensuais (mesmo sem nudez total), à pele com pele, a beijos prolongados. Estes momentos de ternura reforçam a ligação emocional e estimulam a excitação sem a pressão da finalidade.
- Novas zonas erógenas: com o tempo, a sensibilidade das zonas genitais pode mudar. Explore novas zonas, como a parte inferior das costas, a parte interna das coxas, as orelhas e o pescoço.
A comunicação é a chave para descobrir o que funciona para o seu parceiro. Digam o que é bom e o que não é, e ouçam os sinais um do outro.
Posições suaves e confortáveis
O desconforto articular ou pélvico pode ser facilmente resolvido escolhendo posições que minimizem o impacto e maximizem o controlo. Escolha posições que permitam um ajuste constante.
- A colher: os dois parceiros deitam-se de lado, com o homem por trás. Esta é uma posição muito suave que permite uma penetração superficial e muito contacto pele a pele.
- Homem de costas: a mulher senta-se ou deita-se em cima do homem. Esta posição dá à mulher o controlo total da profundidade e do ritmo, o que é importante em casos de dispareunia ou de secura. Assim, o homem, liberto do esforço físico, pode concentrar-se no prazer.
- Utilização de apoios: não hesite em utilizar almofadas, travesseiros ou apoios debaixo das ancas ou da zona lombar. Melhoram o alinhamento do corpo, reduzem a tensão e optimizam os ângulos de prazer sem esforço.
O papel dos brinquedos sexuais e das vibrações
Incorporar brinquedos sexuais não é um sinal de fraqueza, mas uma forma de inovar e explorar outros ângulos para aumentar o prazer sexual.
- Estimulação feminina: os vibradores clitorianos são eficazes para contornar problemas de circulação sanguínea ou de sensibilidade reduzida. Favorecem um orgasmo rápido e poderoso. Para além disso, as vibrações também melhoram a irrigação local.
- Prazer partilhado: utilizar anéis vibratórios para casais, que estimulam o clitóris e a base do pénis.
A integração destas ferramentas transforma a experiência, tornando o prazer menos dependente da rigidez e mais centrado nas sensações. Estes objectos podem ser trunfos para manter uma sexualidade alegre e diversificada.
Comunicação e psicologia
A pedra angular de uma sexualidade satisfatória em qualquer idade não é o desempenho, mas a qualidade da troca. A maturidade física exige maturidade comunicativa. É nesta fase que o casal deve tornar-se o principal aliado do seu próprio prazer.
Comunicar a mudança
As hormonas não são os únicos factores responsáveis pelas variações do desejo e das sensações. O stress, a fadiga e as preocupações da vida quotidiana também desempenham um papel importante. É essencial transformar o silêncio em diálogo.
Falardas sensações, partilhar abertamente as sensações de dor, de desconforto ou a nova lentidão da excitação. Dizer “preciso de mais tempo para ficar excitado” ou “acho esta posição dolorosa” ajuda a encontrar soluções, em vez de deixar que a outra pessoa interprete a retirada como uma rejeição pessoal.
Normalizar a flutuação: a libido e a frequência sexual variam naturalmente. A fadiga precisa de ser normalizada. Reconhecer que as flutuações são normais, em vez de as ver como um sinal de declínio, reduz muito a pressão e a ansiedade.
Gerir a pressão sobre o desempenho
Abandonar a ideia de que a intimidade deve sempre resultar em relações sexuais completas é uma das libertações mais importantes deste período.
Deixar ir, o objetivo principal, torna-se de novo a troca emocional e a partilha de um momento de prazer, qualquer que seja a sua forma. Esqueça a noção de “dever” sexual.
Revalorizar o contacto: Os beijos, as carícias, o contacto pele a pele tornam-se actos íntimos por direito próprio, sem que a penetração seja uma necessidade ou um fim em si mesmo. O simples ato de se abraçarem nus, de se beijarem apaixonadamente ou de se massajarem um ao outro é uma riqueza que alimenta a relação.
Quando é que se deve procurar aconselhamento?
Embora muitos desafios possam ser resolvidos através da adaptação e da comunicação, nunca se deve hesitar em procurar ajuda profissional se for necessário.
- Dor persistente: Se a dispareunia persistir apesar da lubrificação e das posições suaves, é essencial consultar um ginecologista ou urologista para excluir uma causa médica.
- Sofrimento psicológico: Se as alterações estão a criar sofrimento psicológico, frustração crónica ou conflito conjugal, um sexólogo ou terapeuta conjugal pode ajudar a desbloquear estas situações.
Note-se que procurar ajuda é um ato de responsabilidade para com o seu próprio bem-estar e o do seu parceiro.
Esta fase da vida, marcada por transformações físicas, está longe de ser um sinal de morte para a intimidade. Pelo contrário, oferece uma oportunidade única para uma sexualidade mais consciente, mais lenta e infinitamente mais rica em ligações emocionais.
Abraçando a mudança, abraçando a delicadeza e comunicando abertamente, os casais podem descobrir novas facetas do prazer. A realização íntima é um direito fundamental em qualquer idade, e esta adaptação não é um compromisso, mas uma prova de amor e de respeito mútuo.






